sexta-feira, 23 de março de 2007

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Continuação (novos episódios)

Já em casa, o Abílio cortou a lenha, acendeu o lume na lareira e preparou a comida para o porco que já vivia com eles há mais de um ano. Abílio recordou quando, numa noite, saíram de casa o pai, a mãe e ele a caminho da feira do Cavalinho para comprar o porco a um casal de velhotes. Recordou, ainda, a forma como regatearam o preço do porco.

Já com o porco no carro e a caminho de Montepó, pararam numa tenda para comer alguma coisa. Comeram bacalhau frito e, o pai obrigou Abílio a provar o vinho. Antes de voltarem ao caminho, a mãe comprou dois quilos de pão de trigo e um quarteirão de sardinhas. O Abílio ficou triste porque a mãe não comprou mais nada.

Enquanto a mãe tentava perceber o que se passava com o Abílio, este pensava na cara de sofrimento da sua mãe e na tristeza que esta sentiu, a primeira vez que lhe bateu com o tamanco.
Nisto, a mãe perguntou-lhe o que é que ele queria e então, Abílio resolveu dizer que queria uns sapatos. A mãe respondeu-lhe que ela também gostaria de ter muitas coisas, como por exemplo um cordão de ouro, mas que tinha que se contentar com pouco, já que outros o que queriam era vinho. Esta conversa era para o pai que continuava a atrelar as vacas ao carro e, em tom de gozo, disse-lhe que lhe compraria uns sapatos de fidalgo.
A partir deste momento, Abílio sentou-se no carro e não falou mais. Pensou em correr até encontrar uma terra onde pudesse ganhar dinheiro para comprar um cordão de ouro, sapatos e arranja-se um médico para fazer crescer o Toninho.

terça-feira, 6 de março de 2007

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Leituras

Resumo dos primeiros capítulos da obra de António Mota - Filhos de Montepó


A tarde caía quando, de repente, apareceu uma carroça puxada por um esquelético burro e rodeada de pessoas por todos os lados. À frente um rapaz batia, com uma vara, no pobre animal para que este andasse.
Mesmo assim, o burro andava muito devagar e ao pé dele caminhavam quatro cães magros, sujos, sempre a farejar as pedras do caminho.
Estacionaram a carroça no largo de Montepó, debaixo de um carvalho e perto da fonte.
Os três irmãos observavam tudo, com medo, por detrás da janela da sala.

Era uma tarde fria de Novembro e enquanto a mãe tinha ficado a cortar erva para os animais, o miúdo mais velho tinha ido para casa fazer alguns recados: cortar lenha, acender a fogueira, cozer os feijões, dar de comida ao porco, apanhar ovos e fechar as galinhas. Mas, como se não tivesse nada para fazer, lá estava ele, com os seus treze anos, empoleirado à janela a observar os ciganos. A vinda destes tinha atrasado as suas tarefas e então, como mais velho, resolveu mandar o irmão a buscar água. Como o Toninho, assim se chamava o irmão, não quis, ele olhou, pensou na fraqueza do seu irmão e com alguma pena, pegou no regador e saiu de casa.

Pouco depois, o Toninho e a Rosinha correram ao seu encontro, levando o Farrusco preso com um cordel. O cão mal viu a cadela dos ciganos escapou, e por mais que o chamassem, não voltou. O miúdo cigano perguntou que mal tinha o cão estar com a sua cadela, o que levou os três irmãos a ter algum medo. Mesmo assim, e depois de ouvir a mãe do rapaz mandá-lo calar, o Abílio, assim se chamava o irmão mais velho, encheu o regador e levou-o para casa. O Toninho tentou ajudar, mas tropeçou e molhou-se. Depois de lhe ter chamado nomes por ser tão fraco, o Abílio ficou novamente triste por ter magoado o irmão.

texto colectivo